sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Deus

A minha avó faleceu na terça-feira. A sua morte tocou-me fundo, num sítio que nem eu sabia que existia. Tinha 90 anos perfeitos. Sem mácula. De repente, o seu corpo decidiu adoecer. Esperou apenas uma semana e meia para se despedir dos seus e lhes deixar o aviso, mínimo, de que ia partir. Da mesma maneira que durante toda a sua vida, também na morte correu à nossa frente, sem que a conseguissemos acompanhar. Era o expoente da autonomia e independência. A noticia da sua doença soou como um soco. Era imortal e imbatível. Nada no universo faria supor que tinha que ir. A sua morte, sentia-a como algo imposto à força, arrancado apenas da compreensão, devastando os sentidos e esmagando qualquer fé. Fiquei com um buraco escuro no peito. De dor, perplexidade, tristeza. E uma saudade imensa. Fez-me reviver todos os minutos passados a seu lado, tendo-me deixado a certeza das melhores memórias. E o consolo de uma relação de 40 anos feita do melhor que pode haver. A sua vida e a sua personalidade são, para mim, exemplos. Obrigada avó, por tudo.

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