segunda-feira, 29 de junho de 2009

Tudo a correr bem

Continuo bem, sem qualquer sintoma. Sinto-me até bastante leve. Hoje fiz uma ecografia de monitorização do ciclo e fiquei satisfeita com os resultados. Os ovários responderam efectivamente da forma que se queria, ou seja, com menor velocidade e menor produção e, espera-se, com mais qualidade. Fisicamente é muito mais tolerável. Continuo a fazer a minha vida completamente normal. Sinto que o impacto físico será menor e que, por isso, terei melhores reacções do que na primeira vez, em que me senti estafada e muito pressionada a nível físico.
Sinto-me feliz. É bom caminhar para aquilo que se quer. Ontem, eu e o meu companheiro falávamos sobre tudo isto. O medo de não conseguirmos uma gravidez está lá mas, como concluímos, não controlamos tudo na vida e existe uma parte que está absolutamente fora do nosso controlo. É preciso alguma humildade no meio disto tudo.

domingo, 28 de junho de 2009

Imperfeição

Continuo o tratamento, ao que parece com melhores resultados do que o primeiro. A estimulação está a correr melhor e os ovários a fazer um caminho mais lento e sossegado. No primeiro ciclo de FIV ocorreu uma hiper-estimulação, com um "excesso" de resposta dos ovários. Sinto-me bem, talvez ligeiramente alterada com as hormonas, um pouco irritada e impaciente. Nestas alturas aquilo que é mais frágil na nossa vida assume grandes proporções. As minhas inquietações mais profundas, na minha vida e na relação com o meu companheiro, vêm todas à tona. É algo inquietante, dá-nos um sentimento de insegurança no caminho. É por aqui? Tenho mesmo a certeza? E se?
É preciso respirar, relativizar. A minha vida é tão imperfeita quanto a dos outros.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Corpo e mente

Ontem fiz uma ecografia de vigilância do ciclo de FIV. Estava tudo bem. Durante os tratamentos não penso no que esteja a acontecer no meu corpo, mas imediatamente antes de uma ecografia fica-me a dúvida e a inquietação para saber se está tudo bem. Fiquei mesmo um pouco nervosa. Afinal, tudo estava bem. Hoje já vou iniciar nova medicação. Tenho-me sentido bem, sem qualquer efeito secundário que interfira na minha vida. Já organizei o meu tempo de descanso para o período final (antes e depois da punção). Inquestionavelmente a experiência do 1º ciclo de FIV permite-nos ter um maior controlo no segundo. Essencialmente controlam-se outras "variáveis" que na experiência anterior nos apanharam de surpresa, nem sempre com os melhores resultados. Não quero com isto dizer que podem ser determinantes para a gravidez. Quero antes dizer que são fundamentais para a paz e tranquilidade do corpo e espírito da mulher, enquanto pessoa.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Serenidade

Continuo bem disposta. As injecções também. Nada de efeitos secundários, continuo com a minha vida normal. Hoje veio a menstruação, tal como a minha médica tinha referido. O meu corpo está a responder bem, pelos vistos. O tratamento não me traz qualquer angústia ou ansiedade, como já me trouxe. Estou com vontade de ir até ao fim, nada me assusta. Eu e o meu companheiro estamos muito bem, muito apaixonados. Da minha parte, sinto-me a viver cada dia. Também tenho que fazer outras coisas, também elas importantes, e por isso não estou apenas centrada em apenas uma coisa. O meu companheiro tem até viajado, e eu tenho ficado no meu ritmo e nas minhas rotinas, bem disposta. Sinto-me muito diferente da primeira vez. Com mais prazer, mais serenidade.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Emoções

Cada dia que passa sabe bem. Aproxima-se. Mas sem pressas. Sentindo o corpo a fazer o que lhe compete. Com calma. As emoções vão-se falando, com calma também, saboreando a vida, afinal. Haverá algo de mais bonito do que fazer um filho? Há que apreciar. Sentir. Como diz aquela canção do Roberto Carlos ("Emoções"):

Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida
E o que ela me trás
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

terça-feira, 16 de junho de 2009

"Eles não sabem que o sonho..."

Os dias de tratamento vão passando. Esta parte não custa, não existe nenhum efeito secundário. As emoções é que são mais difíceis de viver. Será que vou conseguir? Vem aí mais uma desilusão? Ontem no trabalho apareceu uma nova colega. Sentou-se na secretária ao lado da minha e quando cheguei, já ela estava sentada. Comecei a trabalhar e a certa altura ouço a sua conversa com outra colega. Está grávida. Pela primeira vez fiquei incomodada. Não me impressionam os bebés, as grávidas, a conversa dos filhos. Genuinamente. Mas sentir que vou ser confrontada todos os dias com essa realidade, fez-me impressão. Parece que a minha limitação para ter filhos ficou mais evidente, mais realçada, naquela pessoa em concreto. Mais doeu quando disse ser já o terceiro filho. Não é fácil. Ontem, eu e o meu companheiro brincamos a calcular o mês de nascimento. Sinto tanta reserva em mim e nele quando se fala deste assunto. Tanto peso no coração. Sinto que eu e ele precisávamos muito deste acontecimento para fortalecer a nossa relação, para acreditar que o sonho é possível.

sábado, 13 de junho de 2009

Março de 2010

Ontem iniciei o tratamento para o nosso 2º ciclo. Soube-me bem, soube-me muito bem estar neste caminho outra vez. Deus permita que dê certo. Fui à consulta, fiz uma ecografia (estava tudo bem) e iniciei a medicação. Já sou mestre a dar injecções a mim mesma. Já não me causa qualquer ansiedade ou receio. Existe uma parte de mim muito feliz com a probabilidade de puder ficar grávida. Que benção seria. Parece que há uma parte de nós que renasce, como se um cúmulo de forças estivesse adormercido à espera do momento ou da inspiração certa. Deus me ajude a que Março seja o meu mês, do eu, da minha total expansão, do encontro, da inspiração.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

E depois do adeus?

Quando me sentia a desesperar, a não sentir o pé em lado nenhum, veio uma palavra de simpatia, de conforto, de alento, de "conte comigo para o que for preciso" da minha médica ginecologista. É impossível passar por uma situação destas sem palavras de simpatia, apoio e conforto. Às vezes, sinto-me alienada, sem raiz, sem pé. Apenas a esbracejar para me manter à tona. Este é um tempo dificil para mim. A relação com o meu companheiro nem sempre é fácil, no trabalho não posso dar parte de fraca, e para ter um filho tenho inúmeras barreiras à frente. A concretização dos meus sonhos atrasa-se indefinidamente. Ainda não perdi a esperança, mas tenho um enorme medo de futuras desilusões. Até onde aguentarei? E se não aguentar, o que me espera? O que farei de mim?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Receber

Hoje senti-me profundamente cansada. Não apenas pela questão de infertilidade e pelos tratamentos que nos esperam. A minha vida está cheia de situações para as quais tenho dedicado imenso tempo e esforço. Tenho sentido a minha ansiedade a crescer. A crescer exponencialmente. Hoje senti claramente que tinha que me retirar e abrandar o ritmo. Preciso mesmo de um milagre, do meu bebé a vir, para encontrar algum ponto de equilíbrio na minha vida, ou que outro milagre me aconteça. Mas definitivamente, sinto que não irei conseguir suportar a minha situação actual por muito mais tempo.