sexta-feira, 15 de maio de 2009
Verdade sem medo
Ontem revelei a uma amiga de longa data, da adolescência, o meu (nosso) problema de infertilidade. Fi-lo em conversa por e-mail, uma vez que ela possui um horário de trabalho dificil de compatibilizar com o meu. Fi-lo em resposta a uma pergunta directa dela, a "inevitável" quando é que eu e o meu companheiro temos filhos. Pedi-lhe para não revelar a ninguém, uma vez que ainda me estava a habituar à ideia. No meu íntimo, ao decidir revelar, para além da amizade que existe, senti que nada tenho a esconder. A infertilidade é uma doença, não é nada que se possa ou deva ter vergonha. Não escolhe pessoas. Ao contar, senti que tinha o direito à liberdade de dizer a verdade sem medo. Afinal, porque é que os casais infertéis sem devem esconder? Depois fiquei a pensar no que tinha feito. Senti-me insegura. E se a minha vida e a minha privacidade não fossem respeitadas? E se dali viessem palavras arrastadas de compaixão, carregadas daquele indisfarçável sentimento de superioridade "coitada", "tens tanto azar...". E se a notícia fosse revelada a amigos comuns, mesmo eu pedindo para não a ser? Quantas vezes não existe aquela vontade incontrolável para revelar o "picante" da vida alheia, especialmente quando se trata de coisas negativas? Enfim... dúvidas e mais dúvidas. A amizade sabe ser também um lugar estranho. Julgo não haver outra saída a não ser lidar com a situação e enfrentar exactamente aquilo que se apresente.
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