terça-feira, 26 de maio de 2009

Vontade de ficar

Ultimamente ando muito "faladora". Talvez porque tenho muita coisa a correr ao mesmo tempo na minha vida. Pessoal, profissional, com os amigos, enfim, em todas as esferas. Não deixa de ser bom sinal, mas consome-me bastante energia mental. Não me concentro, não me foco. Ando bem disposta, com mais certezas sobre mim e os meus sentimentos, mas talvez cansada dos últimos anos que tem sido profícuos em acontecimentos. Hoje em dia a vida é muito exigente. Luta-se por um trabalho e depois por o manter. Luta-se por uma relação e depois por a manter. Agora, luto por um filho. Damos atenção e cuidados à família e aos amigos. Avançamos com todas as feridas antigas e medos. Só quando o tempo passa é que nos apercebemos de tudo o que passamos, das mazelas que se geraram e de como efectivamente estávamos crispados e magoados com as coisas. Hoje, olho para trás e vejo que a primeira FIV que realizámos o foi nas piores condições emocionais. A seguir à descoberta da nossa infertilidade. A seguir a esperarmos que as notícias fossem melhores, quando não o foram. A seguir ao susto, ao medo, ao choque da revelação. Quando almas e corpos se revoltavam face ao que sentiamos como algo injusto e ingrato. Não tinha havido tempo para sarar, para relativizar, para integrar, ainda que um pouco, a situação com tudo o que de novo trouxe. Por vezes relativizamos o impacto daquilo que nos acontece, ou mesmo subestimamos, quando há que dar a real importância ao que vivemos. É importante seguir em frente. Não me arrependo de termos tentado a nossa 1ª FIV na altura que foi. Só isso nos permitiu viver e experimentar, para depois ir integrando uma nova forma de sentir. Apenas agora - porque me sinto melhor - é que vejo que ambos estávamos psicologicamente em baixo e eu, pessoalmente, muito assustada com a revelação e a sentir uma profunda divisão interna: vontade de fugir e vontade de ficar. Hoje tenho vontade de ficar.

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