terça-feira, 21 de julho de 2009

Regresso ao "nós"

A minha segunda FIV foi vivida em privacidade, apenas entre mim e o meu companheiro. Inclusivamente cheguei a mentir a uma pessoa, dizendo que não estávamos a tentar. Fiquei, um dia, a pensar porque é que desta vez não tinha tido nenhuma - mas mesmo nenhuma! - necessidade de contar a ninguém. Julgo que por não estar já a viver o trauma. No primeiro ciclo de FIV que fizemos, tínhamos recebido há pouco tempo a notícia do nosso problema, eu estava em estado de choque, incrédula e revoltada com o que me estava a acontecer. Senti muita necessidade de desabafar, de gritar, de sentir a empatia dos outros. Agora isso já passou. Posso voltar ao interior da minha relação e pensar e "fazer" filhos como qualquer casal. Na nossa intimidade e privacidade. Sinto-me muito bem assim. Durante todo o processo, em momento algum, senti a tentação de revelar que estávamos a tentar novamente. Penso, mas isto é muito subjectivo, que uma vivência excessivamente "comunitária" destas questões origina ainda mais stress, uma vez que se tem que contar com as expectativas dos outros, com a sua vontade de apoiar (nem sempre oportuna), com a sua vontade em saber, com a sua desilusão, com o querermos tratar bem os amigos e contar-lhes "atempadamente" o que vai acontecendo. Nem sempre isto acrescenta calma, intimidade, privacidade.

Este blog serve apenas como diário, não tenho nenhuma ideia de o divulgar em massa. Se alguém o encontrar... melhor, mas será um acaso. Divulguei-o a uma mulher com a qual tenho imensa empatia e respeito, e que enfrenta já uma história de infertilidade muito prolongada. Sinto bondade no seu coração e por isso senti vontade de o mostrar.

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