A depressão abate-se sem qualquer aviso. Existem mais que razões para que ela apareça, mas quer-se acreditar que seremos poupados a essa parte. Quem dera puder desligar o interruptor e só acordar daqui a uns tempos, quando estivesse já a iniciar novo tratamento. Mas não, é necessário fazer o luto de cada tentativa falhada. Reviver tudo, uma nova vez. Sentir o medo, a desesperança. Tudo isto implica com o meu dia-a-dia. Falta a motivação, a alegria para o quotidiano. É razoável que assim aconteça. Afinal somos feitos de quê? Ferro? A recuperação é lenta...
Ontem, quando cheguei a casa, vinha de um dia de lágrimas mal contidas. Senti uma tristeza horrível o dia todo. Precisei falar com o meu companheiro. Tenho muita sorte com ele. É profundo, empático, compreensivo. Chorei um pouco, soube-me bem. Compreendo que é mesmo necessário pôr cá para fora, partilhar a dor e a tristeza. Disse-me que também ele estava triste e desiludido. Senti-o na sua voz. Emocionou-se também.
De alguma forma, sinto-me orgulhosa de nós dois. Existe uma enorme compreensão e respeito por aquilo que um e outro passa. Não existe culpa, ressentimento ou dedos apontados. Existe reconhecimento de todo o esforço envolvido, de parte a parte. É impossível um e outro investirem exactamente na mesma medida, nas mesmas coisas. Antes, é uma dança a dois, em que da diferença dos passos se constrói um todo harmonioso.
Mais um dia. Um novo sol. Um pouco mais de alívio. O tempo ajuda ao luto. Pegar em qualquer coisa do nosso quotidiano também. Recomeçar devagar, com respeito pelos "pés torcidos", que não nos deixam correr normalmente. Dar-nos tempo. Inclusive para escrever no blogue!
terça-feira, 28 de julho de 2009
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