Julgo que qualquer privação na vida, desde que nos toque em algo importante e fundamental, nos faz pensar sobre o todo. Afinal, de onde vêm as minhas fontes de satisfação? O que me faz feliz? O que é para mim estruturante? Recordo-me de ter lido algures, nuns escritos de um psicólogo, que se cresce quando no meio da desilusão e frustração somos capazes de estabelecer prioridades. Quando, olhando àquilo que temos (companheiro, família, amigos, profissão, talentos, etc.) conseguimos sentir o que verdadeiramente nos apoia. Uma grande desilusão pode dar a falsa sensação de vazio. De não se ter nada importante, estruturante. Por momentos, apaga o resto. É um momento perigoso, que pode criar rupturas com aquilo que existe verdadeiramente na vida de alguém. De repente, a satisfação já não vem de lado nenhum. O trabalho é fastidioso, os amigos apáticos, o companheiro irrelevante. Desvaloriza-se, com o inerente risco de perca.
Sinto um grande contentamento por não me sentir assim. Talvez porque a vivência da infertilidade me toca num momento da vida em que já possuo algumas certezas. Julgo que este é também um momento para se saber o que se tem.
terça-feira, 10 de março de 2009
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