segunda-feira, 30 de março de 2009

Poeira

Hoje já estou do lado de cá. A esperança de uma gravidez desfez-se.
Confirmei o que mais temia. Um bebé na minha vida iria fazer muita diferença. Muita mesmo. Que sensação de paz e apaziguamento... Olhava para o meu companheiro e sentia uma intimidade tão doce e límpida. Um sentido de gratidão, uma razão de ser. Que fantástica sensação.

A infertilidade é, de facto, uma prova duríssima para um casal. Gosto profundamente do meu companheiro, mas parece que fica um nó, uma cortina de tristeza por aquilo que posso não viver com ele. Não o culpo. Não se trata de culpa. É antes um sentimento de perplexidade perante o que me está a acontecer. Às vezes penso que vou acordar e que nada disto está a acontecer. Sei, porque bem me conheço, que esta situação me tem trazido uma profunda angústia e sofrimento. Acordo muitas vezes de noite, com um sentimento de sufoco. Como se me estivessem a retirar o ar. Sinto que me pedem um preço. Sinto que é injusto. Mas, no fundo, sei que não o é. Basta olhar à volta. A vida de todos é tão imperfeita. Conheço pessoas que passaram por coisas tão dificeis. Não se trata de pagar, trata-se de viver.

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